A História do Judo em Portugal

Em Portugal os primeiros contactos (documentados) com o Judo, datam da primeira década do séc. XX. Realizaram-se a bordo de um navio da marinha nipónica ancorado no Tejo onde oficiais japoneses efectuaram uma demonstração de Judo para os visitantes. Em Portugal, assim como no Japão, as raízes dos Judo estão intimamente entrelaçadas às do Ju-jitso. Nas primeiras décadas do séc.XX vários mestres de Ju-jitsuo visitam Portugal, e tanto o Ju-jitsu como o Judo penetraram levemente em alguns sectores da sociedade. Este interesse pelo Ju-jitsu e Judo adquire uma expressão mais visível na introdução do ensino de técnicas de defesa pessoal aos agentes da policia cívica do Porto (1936), na publicação de alguma bibliografia, e mais tarde na criação da academia de Budo (1956) fundado por António Correia Pereira, o primeiro cinturão negro português reconhecido pelo Kodokan.

Mas estes primeiros desenvolvimentos da modalidade em Portugal irão ter muito pouco impacto na formação da FPJ e na configuração que o Judo apresenta hoje em dia. Em 1955 chegam a Portugal os mestres Henri Bouchend ´Homme e Anthony Stryker, começam a leccionar Judo, e do contacto entre os alunos dos dois mestres surge a ideia de formar um clube de Judo, ideia esta que se materializou na criação do Judo Clube de Portugal (12 Julho 1957).

„Em 1958 Kiyoshi Kobayashi chega a Portugal“

- Pai do Judo Português -

O mestre revolucionou por completo o panorama do Judo em Portugal, lecciona em vários clubes partilhando incansavelmente todo o seu conhecimento técnico, incute uma disciplina de treino regular, implementa novas metodologias de treino e homogeneíza o panorama técnico nacional. Kobayashi também forma algumas das figuras mais relevantes da história do Judo português, entre elas, José Manuel Bastos Nunes presentemente o judoca português mais graduado (8º dan). O mestre nipónico está intimamente ligado à criação da Federação Portuguesa de Judo (F.P.J) onde é membro honorário e onde foi seleccionador nacional por vários anos, por todas estas razões Kobayashi é hoje considerado por muitos uma das figuras mais centrais da história do Judo nacional.

O crescente desenvolvimento do Judo em Portugal criou a necessidade de conceber um organismo oficialmente reconhecido que fosse responsável pela divulgação, orientação e organização das actividades ligadas ao Judo, neste contexto é criada a F.P.J28 de Outubro de 1959[3], Em 1961 a F.P.J torna-se membro efectivo da União Europeia de Judo (UJE), e em 1964 Fernando Costa Matos defendeu as cores nacionais nas olimpíadas de Tóquio onde o Judo, pela primeira vez, fez parte do quadro das modalidades praticadas.

A revolução dos cravos (1974) trouxe uma serie de mudanças para o panorama do Judo nacional. A democratização do tecido nacional português a introdução de novas políticas desportivas e a reorganização do funcionamento da FPJ com a descentralização das actividades ligadas ao Judo através da criação das associações distritais, são talvez os principais factores que mais contribuíram para o crescimento do Judo nacional. Este intensifica-se na década de 80 onde atletas como Hugo Assunção, António Roquete de Andrade e João Paulo Mendonça marcam presença assídua nos campeonatos da Europa e J.O. Mas é só na década de 90 que o Judo português começa a conquistar medalhas nos torneios de maior relevo a nível internacional, atletas como Pedro Soares, Filipa Cavalleri, Pedro Caravana, Michel Almeida e Paula Saldanha, garantem medalhas a nível dos campeonatos Europeus e presenças nos J.O.

Na década de 2000 o Judo nacional reforça ainda mais a tendência de crescimento das décadas anteriores, Nuno Delgado conquista a primeira medalha Olímpica no Judo (Bronze) para as cores nacionais (Sydney, 2000), adicionando-a a várias outras, entre elas a de campeão e vice-campeão europeu. Telma Monteiro, conquista por três vezes a medalha de prata nos campeonatos do mundo, o mesmo número de vezes que conquistou a medalha de ouro nos campeonatos da Europa, João Pina e João Neto arrecadam também o ouro nesta prova. Na década de 2000 Portugal passa a receber algumas das grandes provas do circuito internacional: Taça do Mundo Feminina Lisboa, 2007; campeonato da Europa de Seniores Lisboa, 2008, Taça do Mundo Lisboa 2010, confirmando assim o crescimento da modalidade que se tem vindo a acentuar nas ultimas décadas.

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